quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A guerra do capital contra a WikiLeaks

Poderá o fenômeno da fuga de informação sustentar o assalto contínuo feito pelo setor empresarial para triunfar na primeira ciber-guerra de sempre? Por Mark LeVine, Al Jazira

Quando o banqueiro suíço nos atira ao mar, sabe-se que se fez alguns inimigos muito poderosos.

Afamado desde há muito por ocultar dinheiro para toda a gente desde os nazis e barões da droga aos espiões e ditadores, o ramo bancário do governo suíço decidiu que a WikiLeaks e Julian Assange eram realmente demasiado quentes de pegar mesmo para ele.

E, assim, o PostFinance, que dirige os bancos do país, declarou no início de Dezembro que tinha "terminado a sua relação comercial com o fundador da WikiLeaks, Julian Paul Assange" depois de acusar o Sr. Assange de – falta de ar! – fornecer informação falsa sobre o seu lugar de residência.

Esta jogada seguiu-se a jogadas semelhantes das companhias de cartões de crédito MasterCard e Visa, bem como da PayPal e da Amazon.com, de deixarem de processar pagamentos à WikiLeaks e, no caso da Amazon.com, de deixarem de alojar os seus dados.

No momento em que escrevo isto, o Bank of America juntou-se à onda crescente de corporações que fazem da WikiLeaks alvo, recusando continuar a processar-lhe pagamentos por causa "da crença razoável de que a WikiLeaks pode estar comprometida com atividades que são, entre outras coisas, inconsistentes com a nossa política interna de processamento de pagamentos".

E pouco depois a própria Apple se juntou ao coro, pondo um ponto final a uma aplicação WikiLeaks dias depois apenas de ter posta à venda no seu Sítio Web iTunes. Todos os setores da economia corporativa, parece, estão a lançar-se na perseguição à WikiLeaks.

Concentrando-se no "neocorporativismo"

Os agentes da CIA, os patrões da máfia e outros clientes bancários suíços desse tipo, os quais foram provavelmente bem menos francos nas suas representações pessoais do que Assange alegadamente é, ter-se-iam também preocupado com a lealdade e a discrição dos seus banqueiros suíços?

Provavelmente não. É que os criminosos do mundo, os autocratas e os espiões fazem bem parte do sistema econômico político global, mesmo se às vezes estão em lados opostos.

Mas a WikiLeaks opera também fora do sistema, procurando ao estilo "Matrix" usar a tecnologia – a Internet – para o "destruir", metendo o nariz e trazendo ao escrutínio público, expondo as conspirações constantes dos poderosos contra o resto da sociedade.

Esta tarefa, argumenta Assange, é a maneira mais importante de ajudar a libertar milhões de vítimas do sistema muitas vezes cúmplices – ainda que não propriamente de boa vontade – e, ao fazê-lo, "mudar ou anular... o comportamento do governo e dos neocorporativistas".

Como teórico político, Assange deixa um pouco a desejar. O "Neocorporativismo" descreve um sistema no qual capital e trabalho se enredam numa relação integrada mas, ao fim e ao cabo, dependente dum aparelho de estado poderoso e autónomo – uma atualização da relação triangular que permitiu o crescimento econômico e os ganhos sem precedentes para a classe trabalhadora no Ocidente nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial.

Ideologicamente, esta espécie de relação de trabalho de proximidade entre governo, grandes empresas e trabalho organizado é a antítese do sistema neoliberal que a WikiLeaks procura combater.

Mas Assange tem razão em que há algo "neo", se não exatamente novo, na maneira como o setor corporativo se está a comportar hoje e na sua relação com o governo. Repousa em abraçar – ou melhor, voltar a abraçar – o capitalismo financeiro, o império militarista e o complexo industrial militar que o sustenta.

Alimentando-se ora de consumidores inconscientes no meio da América, ora de revoltosos suspeitos no Oriente Médio, estes são dois dos setores mais secretos da economia americana. Dependem de o público saber tão pouco quanto possível sobre os seus feitos mais esconsos para garantir a maior liberdade de ação, os maiores poder e lucros possíveis.

O poder do segredo

O abandono de Assange pelo sistema bancário suíço e pelos seus primos corporativos americanos não é portanto surpreendente. Poucos setores econômicos usaram o segredo e a falta de clareza mais eficazmente do que a banca, os serviços financeiros e as empresas de cartões de crédito.

De fato, as suas práticas de negócios secretas são centrais para a sua capacidade constante de esgadanhar lucros enormes à custa dos americanos trabalhadores e de classe média através da monopolização dos sistemas comerciais, da cobrança de taxas de juros e comissões usurárias, e entregando-se a outras práticas que fariam corar até o mais insensível tubarão solitário.

Se a grande contratualização entre trabalhadores, capitalistas e governos permitiu que as duas primeiras gerações do pós-segunda-guerra-mundial saíssem do liceu diretamente para a classe média, este caminho foi irremediavelmente danificado nos anos 80, quando a direita neoliberal subiu ao poder pela primeira vez.

À medida que os Estados Unidos entraram na sua longa e dolorosa era de desindustrialização a política externa americana tornou-se mais agressivamente militarista; e assim juntar-se aos militares contra a GM ou a Ford tornou-se uma das poucas vias para garantir qualquer espécie do futuro econômico estável (desde que se ficasse no exército).

Sem surpresa, os lucros do setor financeiro ultrapassaram os do setor industrial no início dos anos 90 e não caíram desde então. Mas esses lucros e o crescimento econômico que geraram confiaram desmesuradamente na dívida do governo e dos consumidores e num esvaziamento do setor industrial, o que no seu conjunto ajudou a tornar os EUA "o doente do globo", como disse um economista corporativo sénior.

Pelo seu lado, a GM, a Ford e a Chrysler focaram simultaneamente a maior parte das suas energias na produção de esponjas-de-combustíveis comparativamente lucrativas como os veículos todo-o-terreno, enquanto estabeleciam ramos de serviços financeiros que rapidamente ficaram responsáveis por uma parte substancial dos seus lucros (em alguns anos mais de 90 por cento dos lucros são conseguidos assim).

As suas práticas de empréstimo, vale a pena notar, incluem aquele tipo de empréstimos à habitação "mentirosos", atribuídos com pouca preocupação quanto à capacidade dos tomadores de empréstimo de os pagar e que precipitaram a crise econômica global de 2007 até hoje.

Financiarização e história

Nenhuma dessas práticas teria resistido à luz do escrutínio público, e foi apenas a corporatização – em boa medida a financiarização – da política americana que permitiu que eles florescessem nos últimos trinta anos. Poucas empresas ameaçam tanto aquele segredo como a WikiLeaks e o seu foco tipo laser numa abertura, razão pela qual as suas ações são examinadas em Washington como "atingindo o próprio coração da economia global".

A "financiarização" da economia representa a dominação crescente da economia no seu conjunto pelas indústrias financeiras, assumindo "o papel econômico, cultural e político dominante numa economia nacional".

Crucialmente, este processo não é único nos Estados Unidos; também aconteceu a impérios anteriores, como os impérios dos Habsburgo, holandês e britânico, precisamente nas eras em que eles perderam a sua posição global dominante. Em todos os casos, o financiarismo e o militarismo andaram de mãos dadas, como apontou em primeiro lugar o famoso livro de 1902 do historiador britânico John Hobson "Imperialism: A Study".

Nele Hobson argumentou que a monopolização do setor financeiro criou uma nova oligarquia que uniu os grandes bancos e as firmas industriais juntamente com os "promotores da guerra e especuladores" que encorajaram o imperialismo a garantir mercados para os produtos excedentários das corporações.

A elevação da América à dominação global veio depois do fim da era imperial e portanto não pôde conquistar descaradamente território para criar novos mercados. Mas no momento da sua elevação, os decisores políticos apelaram ao governo para que usasse elevadas despesas militares para garantir um crescimento econômico geral robusto.

Isto coincidiu com a expansão rápida do crédito facilmente obtível, criando dois "buracos negros gigantescos" (nas palavras dos economistas israelitas Shimshon Bichler e Jonathan Nitzan) cujo potencial de expansão foi limitado apenas pela disponibilidade dos cidadãos para apoiar a política que lhes deu aquelas oportunidades, apesar do dano a longo prazo ao bem-estar econômico e político das suas sociedades.

Durante os trinta primeiros anos da era da Guerra Fria a propensão para o militarismo foi equilibrada por uma economia de fabricação robusta e pela relação tripartida governo-trabalho-empresas que a garantiu.

Isto começou a mudar nos anos 70 quando a guerra enormemente cara e lucrativa do Vietname começou a abrandar.

Como Nitzan e Bichler descrevem no seu livro extremamente importante "The Global Political Economy of Israel", começou neste período a "haver uma convergência crescente de interesses entre as principais corporações do petróleo e de armamento do mundo. O politização do petróleo, a par da comercialização das exportações de armas, ajudou a formar uma difícil coligação armamentodólar-petrodólar entre estas companhias".

O mais crucial na análise de Nitzan e Bichler é que uma das formas mais importantes para as indústrias do armamento e do petróleo conseguirem ganhar um desproporcional nível de lucros ("diferencial" como eles o descrevem) foi através da erupção regular de conflitos energéticos no Oriente Médio, que asseguraram tanto preços altos relativos de petróleo como compra de armas.

McDonald's e McDonnell Douglas

À medida que este processo se desenvolveu, os autores explicam que "as linhas que separam o estado do capital, a política externa da estratégia corporativa e a conquista territorial do lucro diferencial, já não parecem muito sólidas".

O colunista do New York Times Thomas Friedman, di-lo de forma mais colorida: "a mão oculta do mercado nunca funcionará sem o punho oculto. A McDonald's não pode florescer sem McDonnell Douglas – e o punho oculto que mantém o mundo seguro para as tecnologias de Silicon Valley florescerem chama-se Exército, Força Aérea, Marinha, e Corpo de Marines dos Estados Unidos".

Isto é o "neocorporativismo" em que Assange e os seus camaradas da WikiLeaks se concentraram, embora hoje, mais de uma década depois de Friedman ter escrito as palavras acima mencionadas, o Master Card seja mais relevante do que a McDonald's.

O problema é que a WikiLeaks não pode sozinha virar o bico ao prego neste conflito.

Assange bem poderia ser "um terrorista de alta tecnologia", como o Vice-Presidente dos Estados Unidos Joseph Biden recentemente lhe chamou, dado o terror com que as suas acções atingiram o coração do sistema político americano.

Mas os EUA são no fim de contas um só num grupo de países e corporações poderosos cujos líderes partilham um compromisso fundamental em garantir para eles mesmos tanto lucro e poder quanto possível, por muito que os seus métodos e a política se diferenciem.

De fato, um olhar sóbrio sobre os dados relevantes revela que a quota dos lucros dos setores financeiros fora dos EUA foi quase sempre significativamente mais alta do que nos EUA, o que significa que o resto do mundo está há muito tempo mais "financiarizado" do que a economia dos Estados Unidos.

Como sempre, o capitalismo e poder nunca estiveram tão convenientemente centrados num país ou região como as pessoas imaginam.

Para ter realmente impacto, a WikiLeaks tem de inspirar uma geração inteira de pessoas que produzam fugas de informação noutros países e culturas, que estejam igualmente dispostos a arriscar a sua liberdade, tal como Assange e outra gente por trás da WikiLeaks. A cultura das fugas de informação começou a ganhar raízes, contudo só o tempo dirá se resiste às forças que agem contra o seu desenvolvimento.

Se tal não acontecer – se os seus inimigos corporativos e políticos conseguirem fazer de Assange e dos seus camaradas um exemplo que assuste os que poderiam ser inspirados por ele – o Capital ganhará provavelmente a primeira "ciber-guerra" do mundo, da mesma forma que ganhou a maior parte das guerras antes dela durante a história longa, sangrenta e inimaginavelmente lucrativa da modernidade.

Mark Levine é músico profissional e professor de História do Médio Oriente na Universidade da Califórnia, Irvine. É autor de meia dúzia de livros, incluindo "Heavy Metal Islam: Rock, Religion and the Struggle for the Soul of Islam" (no prelo, Random House/Verso, CD análogo a ser lançado por MI Records).

As visões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a política editorial da Al Jazira.

Tradução de Paula Sequeiros para o Esquerda.net

Esquerda.net

Gasto da classe C cresceu 6,75 vezes, diz pesquisa

Os gastos da classe C com livros e material escolar foram os que mais aumentaram nos últimos oito anos, na comparação com as demais classes econômicas.

De acordo com pesquisa do Instituto Data Popular, os gastos dos emergentes com esse tipo de produto cresceram 6,75 no ano passado, na comparação com 2002. Considerando as classes D e E, houve um aumento de 4,97 vezes em 2010, sobre o valor despendido em 2002.

Já entre os segmentos mais abastados, classes A e B, o aumento dos gastos com livros e material escolar foi de 2,28 vezes no mesmo período. Segundo a pesquisa, todos os segmentos registraram elevações nos gastos com esse tipo de produto acima da média.

Entre 2002 e 2010, os gastos com livros e material escolar aumentaram 3,63 vezes.

Classe C no topo
Segundo o levantamento, o aumento maior dos gastos com livros e materiais escolares por parte da classe C frente aos outros segmentos deve-se, principalmente, à elevação da renda desse segmento da população.

Com renda maior, a classe emergente passa a diversificar seus gastos, saindo da cesta de produtos essenciais para a compra de outros tipos de produtos. Pesquisa do instituto, divulgada em dezembro, mostrou essa elevação do consumo dos emergentes.

Os números mostram que, entre 2002 e 2010, os gastos em geral da nova classe média brasileira cresceram 6,77 vezes – crescimento maior que os demais segmentos da população. No ano passado, as famílias da classe C gastaram R$ 864 bilhões em produtos e serviços.

Dentre as categorias de consumo que apresentaram aumento no período, viagens e educação foram destaque. A participação dos gastos em educação no total de gastos em produtos e serviços da classe C passou de 2,5% para 2,57% entre 2002 e 2010.

Uma participação ainda modesta, mas em crescimento. Somente em 2010, a classe C gastou R$ 5,29 bilhões em livros e material escolar. Em 2002, foram gastos R$ 784,4 milhões.

Outro motivo que colocou a classe C no topo foi o aumento do número de consumidores que passaram a pertencer a esse segmento, diz o estudo.

Por Correio do Estado

Brasileiro é um dos cinco mais otimistas do mundo

O povo brasileiro é um dos cinco mais otimistas em relação à economia mundial em 2011, de acordo com pesquisa Gallup Internacional.

Apenas 9% dos 2.002 entrevistados do país disseram que esperam um ano de dificuldades econômicas.

O número, semelhante ao da população vietnamita, só é superior ao da Nigéria, 2%.

Questionados sobre o que esperam para 2011, 56% dos brasileiros responderam “prosperidade econômica”.

O país com entrevistados mais pessimistas é a França, onde 61% afirmaram que o ano será de recessão.

Nos Estados Unidos, 45% disseram que 2011 será melhor que 2010, enquanto 22% responderam o contrário.

A pesquisa foi realizada entre outubro e dezembro passados, em 53 países de quatro continentes.

Por Folha de São Paulo

Chuva em São Paulo mata pelo menos 14 pessoas

São Paulo enfrenta uma série de problemas com a forte chuva que a atinge a cidade desde o final da tarde de segunda-feira (10).

Por conta do temporal, várias regiões da Grande São Paulo foram inundadas, e de acordo com um levantamento pelo Corpo de Bombeiros divulgado na terça-feira (11), o número de mortes em decorrência da chuva já chega a 14.

A Grande São Paulo também registrou ocorrências de desabamento e alagamentos, tendo registrado, até o início da tarde de terça, seis pontos intransitáveis, 17 locais com alagamento e 12 ocorrências de desabamento.

A região da Marginal Tietê, uma das principais vias da Grande São Paulo, foi um dos pontos de alagamento, e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) aconselha aos motoristas que evitem esta região.

Noticias BR

Procuradoria acusa Alckmin de receber doação irregular de R$ 700 mil

Segundo a Procuradoria, a doação foi feita pela UTC Engenharia, que tem a concessão para a exploração de petróleo e gás em Niterói e Macaé (RJ). Com sede em São Paulo, a empresa tem contratos com a Petrobras no Rio, Paraná, Minas Gerais e Bahia.

Ao todo, Alckmin recebeu doações de campanha no valor de R$ 40,70 milhões, segundo a prestação de contas. A campanha tucana gastou R$ 34,22 milhões para levar seu candidato à vitória no primeiro turno.

A doação da empresa foi feita ao comitê financeiro do PSDB e o recurso foi usado pela campanha de Alckmin.

Pela legislação eleitoral, receber a doação de concessionária de serviço público pode levar à cassação do eleito.

"Tratando-se de fonte vedada, resta demonstrada a arrecadação ilícita de recursos a ensejar a presente investigação judicial, atraindo a aplicação da sanção de cassação do mandato", argumenta a Procuradoria na representação de quatro páginas.

A ação, que também tem o vice-governador Guilherme Afif Domingos (DEM) como representado, foi protocolada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo.

Em nota, a empresa informou não está impedida de fazer doações eleitorais.

"A companhia informa que embora a União detenha o monopólio sobre atividades de petróleo e gás no país, esta atividade não é caracterizada como um serviço público. Este entendimento tem base doutrinária e jurisprudencial", afirma a empresa.

A assessoria do PSDB afirma que não notificada oficialmente e, por isso, não irá se pronunciar

Com informações Mano Reporter

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