terça-feira, 1 de março de 2011

Qual é o preço da Terra? (Sim, o preço da Terra.)

Sim, alguém calculou. Não que haja compradores em potencial para o planeta, é claro. Mesmo assim, o astrofísico americano Greg Laughlin, da Universidade da Califórnia, criou uma fórmula matemática para chegar ao valor da Terra – e aos de outros planetas também.

O nosso, no caso, vale três mil trilhões de libras (é uma cifra tão fora da realidade que parece até besteira converter, mas, em todo caso, fica em torno de oito mil trilhões de reais).

Na fórmula (que o cientista não divulgou qual é, mas ok, porque certamente é bem complexa e a maioria de nós não a entenderia, de qualquer forma), entram a idade, o tamanho, a temperatura, a massa e outras informações pontuais sobre cada planeta.

O fim da conta não surpreende: a Terra é o mais valioso do universo. Já Marte, por exemplo, que vem ganhando o carinho da comunidade científica por ser, além do nosso, o planeta mais imediatamente habitável do Sistema Solar, vale apenas 10 mil libras.

Os cálculos não são perda de tempo (não completa, pelo menos): a ideia do pesquisador ao criar a fórmula não era apenas brincar de Banco Imobiliário espacial. Ela vem sendo usada por ele para avaliar as descobertas de novos exoplanetas (planetas localizados fora do nosso Sistema Solar) feitas pela Nasa. “É uma maneira de eu poder quantificar o quão empolgado devo ficar em relação a qualquer planeta em particular”, explica Laughlin.

Descoberto em 2007, o Gilese 581 C, por exemplo, entusiasmou os cientistas logo de cara por parecer o mais similar à Terra – mas a conta final do astrofísico americano deu a ele a etiqueta de apenas 100 libras (olha aí, exoplaneta em promoção!). Já outro, o KOI 326.01, encontrado mais recentemente, foi estimado por ele em cerca de 150 mil libras.

Por Thiago Perin, do Ciência Maluca (Super Interessante)

A máquina automotiva em suas partes

A emergente gestão do uso e da remuneração da força de trabalho em plena reestruturação capitalista, um tema crucial na incômoda questão do trabalho, é o ponto de partida para o professor Geraldo Augusto Pinto identificar em seu novo livro, "A máquina automotiva em suas partes: um estudo das estratégias do capital na indústria de autopeças" – a ser lançado pela Boitempo nesta semana –, o que representam os avanços da gestão flexível do trabalho numa economia periférica e dependente como a brasileira.

Defendido como tese de doutorado no IFCH/Unicamp, com bolsa da Fapesp, o livro apresenta um estudo detalhado sobre os resultados do processo de reestruturação produtiva, inspirado por elementos do toyotismo, modelo de flexibilização do emprego assalariado, adotado por indústrias transnacionais, em conseqüência da conjuntura de crise do taylorismo e fordismo pós-década de 1970. A partir de uma pesquisa recente numa transnacional de autopeças e bens de capital em Campinas (SP), o autor constata que a indústria brasileira articula uma série de contradições na prática da gestão flexível que frequentemente resulta em adoecimento dos trabalhadores e trabalhadoras. Um dos principais fatores responsáveis por isso, segundo ele, é a adaptação conveniente desse modelo global de produção ao regime de trabalho de países da periferia do capitalismo, já amplamente flexível, que estimula a demissão sem justa causa e constrange a democracia laboral.

“Esse livro é um novo marco para a compreensão das múltiplas partes que movem a máquina automotiva e um dos mais qualificados e densos estudos sobre a industrialização recente no Brasil, resultado de uma rigorosa pesquisa empírica, dotada de sólido desenho analítico”, afirma Ricardo Antunes, orientador do estudo e coordenador da coleção Mundo do Trabalho, da Boitempo.

Outro objetivo da pesquisa foi esclarecer a atuação do Estado brasileiro ao oferecer amparo aos interesses das corporações oligopólicas transnacionais da indústria automotiva, em detrimento da classe trabalhadora e mesmo de frações da burguesia nacional, como o empresariado do setor de autopeças. Análise que, como frisa o autor, “só foi possível por mediações entre a literatura e informações prestadas pela empresa que pesquisamos acerca do seu relacionamento com firmas clientes, fornecedores e, principalmente, com sua matriz, nos Estados Unidos”.

De um lado, a reestruturação produtiva com intenção de elevar os graus de sustentabilidade saudável das empresas; de outro, o processo simultâneo do adoecimento no trabalho. “Tal paradoxo foi estimulado pelo contexto brasileiro de hegemonia das políticas neoliberais. Além do patrocínio das medidas desregulamentadoras e do enfraquecimento do Estado pelos governos antilabor dos anos 1990 e início da década de 2000, os trabalhadores foram submetidos a uma grande noite de repressão e alienação proveniente das opções de política econômica e social favoráveis ao desemprego e à precarização dos postos de trabalho”, afirma Marcio Pochmann, economista e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Com a problemática elucidada, cabe a todas as esferas buscar formas de trabalho mais justas, aponta Pochmann: “A contribuição do professor Geraldo Augusto Pinto é crucial para todos que desejam, além de conhecer a realidade do trabalho no Brasil, modificá-la: não somente interessados, estudiosos e militantes do tema, como também gestores de políticas públicas.”

Trecho do livro

No âmbito desse tipo de gestão, a polarização de expectativas entre as gerências e o operariado parece alinhar-se em torno de fins comuns como a garantia de emprego. E, em meio a isso, os trabalhadores têm sido chamados a negociar com as empresas metas de faturamento, de produtividade e de qualidade, de absenteísmo e até mesmo de acidentes de trabalho, tudo em busca de se produzirem taxas sempre maiores de acumulação de capital, cujo fim é “manter o negócio de pé”. Tal aproximação entre os níveis hierárquicos tem, contudo, gerado um diálogo cético e paradoxal em meio aos trabalhadores, pois, se por um lado impõe-se a uma parcela dos operários funções desqualificantes (e repetitivas), atribuindo-se aos demais funções mutáveis (embora rotinizadas), por outro lado, em todas as esferas de trabalho, inclusive nas gerenciais, permanece uma atmosfera geral de incertezas, dado que as competências exigidas em quaisquer cargos não são mais previsíveis e avaliadas por critérios puramente técnicos, mas por méritos comportamentais, o que abre margem ao assédio moral e ao oportunismo.

Assim como a competitividade agressiva, tais posturas são utilizadas e encorajadas continuamente pelas empresas entre os trabalhadores, até o limite em que podem canalizá-las em aumentos de produtividade. Transbordado esse limiar, na forma da violência no trabalho, os envolvidos são simplesmente tratados enquanto casos patológicos, de insanidade individual, assim como têm sido tratados os casos de portadores de doenças adquiridas no trabalho, cujas batalhas por afastamentos têm extravasado os tribunais e adentrado as convenções coletivas negociadas anualmente entre os sindicatos patronais e de trabalhadores, o que dá uma dimensão, no mínimo, nacional, ao problema da saúde no trabalho na indústria automotiva brasileira – e sua banalização pelo Estado e pelos oligopólios transnacionais.


Sobre o autor

Geraldo Augusto Pinto é doutor em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e atualmente leciona na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). É autor de A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo (Expressão Popular, 2007).

Ficha técnica

Título: A máquina automotiva em suas partes: um estudo das estratégias do capital na indústria de autopeças

Autor: Geraldo Augusto Pinto

Páginas: 192

Preço: R$ 38,00

ISBN: 978-85-7559-168-0

Editora: Boitempo

Site: www.boitempoeditorial.com.br

Mais informações:

Ana Yumi Kajiki - comunicacao@boitempoeditorial.com.br

55 11 3875 7285 e 55 11 8777 6210

Boitempo Editorial - www.boitempoeditorial.com.br

http://boitempoeditorial.wordpress.com

Reproduzo resenha enviada pela Boitempo Editorial do livro de Geraldo Augusto Pinto, no blog do Miro

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