quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

WikiLeaks: Maquina de guerra econômica

Se o ciber-ataque de Assange contra os grandes bancos for o que foram as manifestações pelos direitos civis contra outras instituições, o que Wall Street usará como canhões d’água para “dispersar” os manifestantes? Por Laura Flanders, The Notion (Blog da The Nation)

Até agora, a WikiLeaks têm concentrado os seus esforços na política externa dos EUA, das guerras à diplomacia. Embora poucas acções concretas tenham sido tomadas em resposta às fugas, o próximo alvo da WikiLeaks pode desencadear uma reação diferente.

As acções do Banco da América caíram 3% na 4.ª feira, depois de Julian Assange ter dado indicações de que tem cerca de 5 gigabytes de documentos que revelam algumas toneladas de comportamento bancário ‘não ortodoxo’ – para dizer o mínimo.

“Todos sabem que o Banco da América fez aquisições horrendas, que assumiu toneladas de papéis podres. Se relataram tudo, e se esses relatórios vazaram, o mais provável é que o Banco da América esteja tecnicamente falido” – escreveu Barry Ritholtz, blogger especialista em finanças.

Mas já se sabe que houve muitos erros de administração e até fraude em Wall Street. O que, então, Assange pode ter sobre o banco, que ainda não se saiba? Dado que já se sabe que o Banco da América assaltou património dos EUA, o que poderia ainda perturbá-los, caso venha a público?

O mais provável, contudo, é que a questão seja não o futuro, depois das fugas, mas o presente e o passado, antes delas. Ritholtz observou que é possível que a máxima perturbação seja exactamente esse “sacudir a árvore e perturbar o status quo.” E o próprio Assange já escreveu muito sobre esse tema.

Num dos seus ensaios, Assange observa que “Quanto mais secreta, menos transparente e menos justa é uma organização, mais as fugas causam pânico e paranóia entre os responsáveis, os apoiantes e os encarregados do planeamento.”

A ser assim, estamos a olhar para o lado errado se insistimos em só prestar atenção ao que for feito depois das fugas. Muito mais interessante é analisar as fugas como movimento que vise o resultado de longo prazo; como movimento que vise mais revelar uma disfunção no coração das mais poderosas instituições contemporâneas e possivelmente desestabilizá-las, gerando algum tipo de super-reação.

Pensem nas manifestações pelos direitos civis que se organizaram em balcões de bares e que foram manifestações em que os cidadãos apenas ocupavam os espaços, sem qualquer movimento [os chamados “sit-ins”], atualizadas para o século 21.

Se o ciber-ataque de Assange contra os grandes bancos for o que foram as manifestações pelos direitos civis contra outras instituições, o que Wall Street usará como canhões d’água para “dispersar” os manifestantes? Talvez acabem, pelo medo e pelo excesso na reacção, por molhar só as próprias calças. Mal posso esperar para ver acontecer!

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu. Publicado em Redecastorphoto

Por Esquerda.net



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