As minas de nióbio de Catalão (GO) e Araxá (MG), além dos cabos submarinos do Rio de Janeiro (RJ) e de Fortaleza (CE), são alguns dos 300 locais que podem “ter um impacto crítico na segurança nacional dos EUA” caso estejam em perigo. A lista secreta foi vazada na última semana pelo site WikiLeaks.
O fato de o Brasil ter as maiores reservas do mineral e de os cabos transmitirem uma grande quantidade de dados ajuda a explicar a importância desses locais para os americanos.
Segundo o engenheiro de comunicações Naasson Alcântara, da Unesp Bauru, “os cabos submarinos são a principal forma de comunicação de dados a grandes distâncias, intercontinentais”.
- Um dos cabos que saem de Fortaleza, o Américas 2, é capaz de transmitir mais de 150 mil ligações simultâneas. Ele possui 9.000 km de extensão, quatro pares de fibras ópticas, e interliga o Brasil, Guiana Francesa, Trinidad e Tobago, Venezuela, Curaçao, Martinica, Porto Rico e Estados Unidos.
Para o professor, “caso os cabos sejam destruídos, rotas alternativas precisariam ser estabelecidas, por meio de outros cabos ou outros meios já estabelecidos”.
- Haveria um transtorno inicial com a interrupção de comunicações, essenciais ou não.
Brasil tem maiores reservas de nióbio
Em relação ao nióbio, o Brasil possui mais de 90% das reservas mundiais. O metal é considerado fundamental para a indústria de armamentos dos EUA.
A geóloga Gilda Ferreira, da Unesp de Rio Claro, explica que o “nióbio é usado para ‘endurecer’, para dar maior resistência às ligas metálicas. É bastante usado em foguetes, aviões e turbinas”.
Os EUA importam do Brasil quase todo o nióbio que consomem. O Canadá também tem uma pequena produção do mineral.
Gilda explica que “o nióbio é usado em pouca quantidade, em termos de toneladas de minérios”.
- É uma porcentagem muito baixa. Não sei exatamente qual seria o impacto que causaria aos EUA. Hoje há pesquisas com outros materiais que poderiam substituir o nióbio.
Os EUA também querem proteger minas de manganês em Corumbá (MS) – o Brasil é o segundo maior produtor mundial do minério, usado para dar resistência ao alumínio.
Lista inclui portos e fábricas de medicamentos
Segundo os documentos vazados pelo WikiLeaks, a destruição de alguns dos 300 pontos vitais teria “impacto crítico na segurança econômica, saúde pública ou na segurança nacional" dos EUA.
A lista inclui oleodutos, portos, gasodutos e fornecedores de medicamentos e vacinas. Também há a preocupação com reservas de minerais estratégicos na Nova Zelândia e na Austrália, além de minas na África e na América do Sul, portos na China e no Japão, e fábricas de remédio na França.
A divulgação de mais de 250 mil documentos diplomáticos causou grande constrangimento aos EUA. Muitos telegramas faziam comentários sobre líderes mundiais, como o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente do país, Dmitri Medvedev, descritos como “Batman e Robin”.
O criador do site, o jornalista australiano Julian Assange, 39 anos, foi preso nesta semana no Reino Unido, acusado de estupro pela Justiça da Suécia.
Por Maurício Moraes, do R7
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